quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Por que Zico me recebeu na casa dele em 86?

A Seleção Brasileira voltou ao México, país do lendário tricampeonato mundial, 16 anos depois. Vinha com a geração de craques que encantou o planeta em 82, na Espanha. Alguns deles, no entanto, já não se encontravam no melhor de sua forma física. Entre os quais estava o extraordinário Zico, nosso eterno Galinho de Quintino. Ele vinha de uma cirurgia no joelho. Na partida com a França, já nas oitavas-de-final, precisou entrar em cena. No início do segundo tempo, Muller sentiu a perna e Telê mandou Zico para campo. Em apenas dois minutos, o craque enfiou uma bola maravilhosa para a penetração de Branco na grande área francesa. O lateral brasileiro foi derrubado. Pênalti marcado. Quem bateria? Zico, claro. Afinal, era especialista também nesse tipo de jogada. A galera brasileira já preparava o grito de gol quando o Galinho foi para a bola e, de pé esquerdo, executou a cobrança. Só que, dessa vez, Zico não foi feliz: cobrou mal a penalidade máxima, facilitando a defesa do goleiro Bats, no canto esquerdo baixo.
O jogo (por sinal um jogaço, não fora o trágico resultado para as nossas cores), terminou empatado em 1X1 e foi para a prorrogação, mas ninguém conseguiu marcar. Então, teve que ser decidido nas penalidades máximas. E aí, foi a vez de Sócrates e Júlio César desperdiçaram as cobranças brasileiras. No final, deu França 4X3. E o Brasil foi eliminado.
Depois do jogo, a maioria da imprensa e dos torcedores culpou Zico pelo fracasso brasileiro na Copa de 1986. O craque ficou aborrecido, claro. Evitou conceder entrevistas em território mexicano.
De volta ao Brasil, recebeu-me em sua casa (na Barra da Tijuca) e me concedeu uma entrevista exclusiva para a Rádio Clube Paranaense e para o Jornal Tribuna do Paraná. Isso graças à amizade que formamos em virtude de suas constantes vindas a Curitiba quando, em 1978, seu irmão Edú jogou no Colorado Esporte Clube. Eu fazia a cobertura diária do time de Vila Capanema e convivi muito com a família de Edú. Em suas folgas de segunda-feira no Flamengo, Zico costumava vir para Curitiba, visitar o irmão que, por sua vez, promovia churrasco para recebê-lo e me convidava. Então, nos tornamos amigos e muito próximos. Isso me rendeu a histórica entrevista exclusiva com o jogador brasileiro mais procurado pela imprensa depois do Mundial 86 no México. A foto que publico documenta o momento em que eu gravava, na sala de visitas da casa (muito linda, por sinal) de Zico.